domingo, 21 de agosto de 2011

Insensato Coração, Psicanálise e a morte do Pai




Desde o início da novela Insensato Coração não deixo de comentar as questões importantes abordadas sobre a família na contemporaneidade. Mas o que nesta novela nos leva a pensar sobre estas questões?

Nesta novela o tema central foi uma família de classe média alta com seus conflitos comuns a cada família. Mas a diferença é que nesta a ênfase foi colocada muito mais nas vicissitudes das relações entre pai e filho do que em qualquer outro conflito. Na figura de Pedro e Léo toda a narrativa se movimenta. Pedro, um típico filho de Édipo honrava Pai e Mãe e seu conflito era justamente de conseguir ultrapassar seus limites da castração e resolver suas situações pessoais, amorosas e profissionais, questões estruturais neuróticas. O Pai e sua Lei devem ser honrados mesmo que o preço seja a própria felicidade...o gozo em não gozar....



Já Léo não conseguia entender tamanha ingenuidade...honrar Pai e Mãe, não para ele somente o Amor de uma Mãe, ela era a origem de sua certeza de que a Lei é só uma questão de interpretação e que na verdade o Gozo deveria prevalecer, em detrimento da estagnação da castração...Numa interessante cena final entre Pai e Filho, Raul diz para Léo “você nunca conseguiu aceitar o meu amor” traduzindo para o perverso o Pai não é ...e assim não se constitui a metáfora Paterna e a Lei não se instala.



Nesta relação fraterna de Pedro e Léo todos os outros personagens dançavam sua coreografia e dentre todos eles gostaria de destacar Norma que de simples enfermeira se tornou a questão dos últimos capítulos a saber quem matou Norma? A norma que Norma representava na verdade estava morta desde o início da novela... na representação da Lei do Pai, este estava morto e assim toda a noção definida de norma também padece...mas a personagem de Norma também merece nossa atenção por ser emblemática a passagem de simples enfermeira vítima de todos para poderosa viúva de milionário....ela foi de coitadinha à malvadinha, alguns até diziam perversa....Mas que nada o que Norma desejava era a” norma”fálica, a norma da família normal (pai, mãe, filhinhos, cachorrinho e etc) e assim ela ensaiou mas não conseguiu ser perversa e assim padeceu em sua neurose como Édipo. O sonho do neurótico é poder driblar a Lei...ser perverso o idílico paraíso para o neurótico...



Que país é esse celebra o refrão da música do Legião Urbana mas na verdade que família é essa?

Novas formas de família, novas formas de se estabelecer a função paterna, novos tempos?

O pai está morto ou somente são novos rumos de uma nova forma de estabelecer estas relações familiares?

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