quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Programação 2012

NAEPP-Núcleo de Atendimento, Estudo e Pesquisa em Psicanálise

Programaçāo 2012

Janeiro
23 a 27
Mini curso: "A psicanálise na hipermodernidade" 18h-20h.
Para membros do NAEPP 120,00 Reais. Para não membros 200,00 Reais.
FevereiroSeminário "Um dia depois da 4a": Leituras de preparaçāo para o Congresso Internacional da MP em Buenos Aires.
Início das atividades permanentes dos Núcleos:
-Psicanálise de crianças
-Psicanálise e Arte
-Psicanálise e Drogadições

MarçoSeminário leituras freudianas (a cada 15 dias)aos sábados das 8h30 as 11h30.
O conteúdo se estenderá de março a junho e de agosto a novembro. Serāo os novos integrantes do NAEPP que irāo obrigatoriamente assistir a este seminário, bem como os membros do NAEPP.
Para os não membros: Mensalidade de 300$ (totalizando 2100$, que podem ser pagos a vista com 10% de desconto ou com cheques pré-datados pagos a secretaria do NAEPP).

Atividades permanentes dos Núcleos:
-Psicanálise de crianças
-Psicanálise e Arte
-Psicanálise e Drogadições


Abril
Seminários acontecem normalmente havendo recesso na semana do dia 23 ao dia 27 para o congresso em Buenos Aires.

Atividades permanentes dos Núcleos:
-Psicanálise de crianças
-Psicanálise e Arte
-Psicanálise e Drogadições


Maio
Seminário “Um dia depois da 4ª : Início dos cartéis* (esta atividade pode ser inserida nas atividades dos núcleos existentes). Início do estudo do livro "Relação mãe-filha".

Seminário Leituras freudianas

*Atividades permanentes dos Núcleos:
-Psicanálise de crianças
-Psicanálise e Arte
-Psicanálise e Drogadições

Junho
Seminário "um dia depois da 4a"
Seminário Leituras freudianas
Atividades permanentes dos Núcleos:
-Psicanálise de crianças
-Psicanálise e Arte
-Psicanálise e Drogadições

Julho
Apresentação dos trabalhos dos cartéis
Apresentação dos trabalhos do seminário Leituras freudianas
Minicurso: “A droga é uma droga ou o gozo da droga de vida?”
Aberto a todos: Para membros do NAEPP 120,00 Reais. Para não membros 200,00 Reais.
Minicursos a serem propostos pelos Núcleos:
-Psicanálise de crianças
-Psicanálise e Arte
-Psicanálise e Drogadições



Anna Rogéria Nascimento de Oliveira
Coordenadora do NAEPP/Goiás
Núcleo de Atendimento, Estudo e Pesquisa em Psicanálise
Cel.
(062) 8106 3322

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

PER + VERTERE - A ARTE DE GOZAR A QUALQUER PREÇO

PER + VERTERE – A ARTE DE GOZAR A QUALQUER PREÇO

Pensar a perversão causou-me embaraço, pois se trata de um estudo um tanto quanto polêmico. Por onde caminhar para além da escuta clínica, já que esta não a tenho? (ainda).
Iniciei meu estudo com Freud que dedicou sua vida a desbravar o universo psíquico humano, e para tanto pesquisou as perversões a partir do seu clássico trabalho de 1905 Três ensaios sobre uma teoria sexual, que ele inaugura um estudo mais sistemático e consistente sobre as perversões sexuais, assim definindo o que se conhece como a sua primeira teoria sobre o assunto. Neste artigo, ensaia um estudo das perversões para, por meio dessas, poder demonstrar a existência da normalidade e dos desvios da sexualidade infantil. Em 1910, publica Leonardo da Vinci e uma lembrança de sua infância, no qual aborda aspectos referentes à psicossexualidade desse artista, bem como, sua primitiva relação com sua mãe, o que vem a determinar uma identificação do menino com a mãe, tudo marcando o início da sua segunda teoria sobre as perversões. No entanto, é em 1927, no trabalho O Fetichismo que Freud estabelece a sua terceira teoria sobre a gênese dos mecanismos psíquicos da perversão, com o aporte de novas concepções referidas, sobretudo às defesas de renegação da angústia de castração.
Em um trabalho recente Campos (2010) salienta o significado do fetiche: “o fetiche é um substituto do pênis da mulher (da mãe) em que outrora o menininho acreditou e a que não deseja renunciar”. Assim, o fetichismo é tido como a recusa da percepção da diferença anatômica entre os sexos, ou seja, recusa da percepção de que a mãe não tem pênis.
Ainda Campos (2010) cita Clavreul (1990) em relação ao reconhecimento da diferença entre os sexos: “se trata não apenas de ter de conhecer uma particularidade anatômica singular mais contingente, mas também de ter de integrar o fato de que apenas a ausência pode ser causa do desejo”. Assim, a descoberta da diferença entre os sexos deveria ser a ocasião de uma reinterpretação relativa à causa do desejo e definitivamente, esta reintegração faltou ao perverso. Para o perverso coloca-se sempre a necessidade de transgredir uma lei, ou para, além disso, ele “recusa” a lei da castração para tentar substituí-la pela lei do seu desejo.
Outro valor assinalável da “recusa” é considerado por Deschamps (2008), segundo a autora no desenvolvimento o sujeito perverso ficaria preso a interrogação de ser ou não ser o falo, e dessa forma construirá uma estratégia para evitar a castração, isso caracterizaria o manejo perverso. Para muitos sujeitos perversos isso incluirá uma impossibilidade de realização do ato genital da sexualidade, como foi colocado anteriormente, tanto em seu objetivo quanto em seu objeto. Verleugnung, recusa é o mecanismo que sustentará a estrutura perversa, não pode reconhecer a castração e, se não é capaz de reconhecer a diferença anatômica entre os sexos, não será possível essa inscrição.
Em se tratando da perversão como estrutura, e mais especificamente a recusa na aceitação da diferença sexual, Lacan (1999) mostrou ser possível entender o discurso freudiano, livrando-o das aderências biológicas, compreendendo as “fases” como “estruturas” mais complexas, atemporais, organizadas a partir da relação com o Outro na dialética da demanda de amor e da experiência do desejo.
Lacan apresentado por Olimpio (2002) fortalece que na fantasia da diferença dos sexos, a criança atribui o falo a todas as pessoas, a atribuição fálica é universal. A falta se insere como estruturante pela constatação da ausência ou por sua ameaça de perda. Por isso o sujeito é incompleto, ameaçado pela falta e tem na insatisfação existencial o desejo de completude.
Se a criança percebe a mãe como alguém que não possui o falo, como uma pessoa faltante, castrada, mas que ao mesmo tempo não é desejosa do falo do pai e o destitui, promoverá em sua estruturação psíquica um investimento móvel do desejo. A criança se inserirá como sujeito faltante, mas não atribuirá ao falo do pai a castração, mas algo além deste objeto.
A mãe do perverso sempre teve um discurso muito ruim do pai, dizendo da sua incompetência e fragilidade, de modo que o perverso não reconhece o pai, pois esse não tem “competência” para aprová-lo. Ele se sente poderoso, pois acredita que é o único objeto de amor que faz a mãe gozar e a completa. Para o perverso, não importa que a figura do pai seja investida simbolicamente do falo. Ele o marginaliza, não o reconhecendo como representante da lei e o contesta. Há admissão da castração no simbólico, mas concomitantemente uma recusa – o desmentido.
O perverso aceita a angústia de castração sob a condição de transgredi-la. Ele não renuncia o falo, mas conjura de modo eficaz a angústia de castração. Assim, ele se esgota em demonstrar, regularmente que a única lei que ele reconhece é a lei imperativa do seu próprio desejo e não a lei do desejo do outro. O perverso não tem outra saída senão subscrever ao desafio da lei e à sua transgressão, sendo esses os seus traços estruturais. Ele transgride a norma porque sabe que ela existe, mas não a aceita.
Partindo deste esclarecimento sobre a perversão, ponho-me a refletir sobre o perverso em nossa sociedade moderna, esta, cercada de consumismo, onde a imagem é o que importa, uma cultura “narcísica”, e ainda, sociedade do espetáculo. Essas são algumas denominações contemporâneas que visam caracterizar as formas emergentes de subjetividade da “nova ordem social” (eh Caetano!!).
Ainda segundo Zygmunt Bauman (2009) em “Vida para consumo”, ressalta que tudo é temporário, e sugere a metáfora “liquidez” para qualificar o estado da sociedade moderna, que, como líquidos se caracteriza para uma incapacidade de manter a forma, não se solidificando em costumes e hábitos. Aqui entra o perverso que sem limites consome tudo, de produtos a ideologias e de práticas religiosas a sexuais. Vale tudo para ser alguém, mesmo que por breves instantes. Troca-se tudo. Troca-se de sexo, de cabelo, de cor, de nacionalidade. Troca-se de tudo, menos de time de futebol (este é imutável, ainda mais se for corinthiano!!!)
Parece pertinente também o ponto de vista de Charles Melman (2008), assinalando o princípio da busca imediata de prazer máximo, sem freios nem restrições em relação ao mundo virtual na atualidade proporcionado pela internet. Ali qualquer um pode viver uma série de vidas sucessivas sem nenhum compromisso definitivo. As pessoas querem se distanciar da realidade não porque ela seja assustadora ou sem graça, mas porque ela implica sempre um limite. Além disso, a realidade requer uma identidade, um objetivo mais ou menos claro na vida, ao passo que esses exercícios virtuais não pressupõem nenhuma identidade, nenhuma perspectiva e ainda derrubam todos os limites, incluindo os do pudor e da polidez.
Assim, faz-se mister concluir que (como diz Anna Rogéria) “o pai Freudiano está morto!”, pois o pai atual (Pai Real) não sabe ser pai como outrora, instituindo a Lei e os limites, e neste caso o perverso como sujeito sem Lei, tem desejo de fazer e o faz. Ele não propõe nada, simplesmente goza ao burlar a lei. Ele não quer uma nova lei, mais ampla. Ele quer a mesma lei. Ele precisa dela para gozar, pois só tripudiando dela é que seu deboche encontra satisfação.


Autora: Rosely Vieira Cecílio (membro do NAEPP – Núcleo de Atendimento  Estudo e Pesquisa em Psicanálise)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O que estão fazendo com O NOSSO FUTURO (as nossas crianças-adolescentes)?

Dias atrás, assistindo aos telejornais, ouvi noticias que me deixaram no mínimo curioso, a 1ª ) foi que o Conselho Nacional dos direitos da criança, estava discutindo em Goiânia em audiência pública, a violência contra a criança e o adolescente, especialmente no diz respeito ao desaparecimento de membros dessa população, noticias estas que estiveram alguns dias em evidencia na mídia, com o desencadeamento da operação 6º mandamento no inicio deste ano, onde a policia federal prendeu vários membros da policia de elite goiana “os homens de preto”, e depois de então, essa mesma, foi retirada das ruas para reformulação do seu plantel, e também mudanças estruturais, incluindo mudanças na cor dos uniformes e das viaturas, a acusação que pesou contra essa policia na época foi a de que, alguns de seus membros se associaram e formaram um grupo de extermínio, foram acusados de estarem exterminando pessoas envolvidas com o uso e trafico de drogas (supostamente uma grande parte era de crianças-adolescentes). No mês de agosto, esta policia voltou a atuar com a cor das viaturas e a do uniforme, igual à das rádio patrulhas.
2ª ) Coincidentemente e contraditoriamente, neste mesmo dia, em que se discutia em audiência publica, os desdobramentos das violações dos direitos da criança-adolescente no caso citado acima, principalmente o direito à vida, era anunciada a volta dessa polícia com a sua antiga cor “o preto”, à rua. Mudar a cor das viaturas e a do fardamento, não terá peso sobre a atual realidade social, a não ser que, juntamente com a volta da antiga cor, voltem também as antigas práticas “o extermínio”.  Segundo o comandante geral da PM-GO, Coronel Edson Araújo, o objetivo é reprimir contundentemente a violência na capital. Entende-se que o poder público tem que tomar providências sim, pois o mês de Novembro, se tornou o mais violento da história da capital goiana, até o dia 29 do mês em questão, 444 pessoas já haviam sido assassinadas, e ainda faltavam mais de 30 dias para terminar o ano.
Mas tem-se que ter o cuidado, pois a mídia coloca as coisas como se tudo fosse somente uma relação de causa e efeito, e fazendo assim, isola as outras variáveis que estão na estrutura do fenômeno violência.
Ao noticiarem que 90% dos homicídios envolvem crianças-adolescentes, e tem relação com o uso e tráfico de drogas, eles estão dizendo em uma linguagem subliminar, que os assassinados, são usuários de drogas que não pagaram os traficantes, ou traficante que mata o outro, por disputa de ponto de venda de drogas, nessa visão simplista, então, se você não é criança-adolescente-traficante, criança-adolescente-usuária ou traficante, ou usário (esse aqui adulto), ou não está devendo para algum traficante, só tem 10% de chances de ser assassinado kkkkkkk, parece uma piada, mas é sério, a mídia coloca, e a maioria da população engole isso. A mídia com essa visão massificante e simplista, colocando todos (traficante e usuário) no mesmo barco, nos tira a oportunidade de entender que o usuário de drogas é um cidadão de direitos, cujo principal direito é a vida, responsabilizam unicamente o sujeito, e por outro lado tiram a responsabilidade do poder publico de fomentar políticas para a prevenção, a reabilitação e a reinserção social.
Essa visão coloca como se, as pessoas que usam drogas não param, porque não querem parar. Como se ser usuário de drogas, fosse uma escolha pessoal, algo que o sujeito escolheu ser, tendo um monte de opções como: uma boa casa para morar, alimentação digna, as melhores vestimentas, os melhores calçados, sempre receberam cuidados dos pais, não estou querendo dizer que as pessoas se envolvem com essas praticas somente por não terem essas necessidade atendidas, essas são apenas variáveis que influenciam e  estão na raiz desse fenômeno. Já o traficante é um sujeito que realiza atos, (mesmo sabendo, que muitas vezes, os sujeitos se vêem obrigados a traficar, ou roubar, para sustentar o vicio) e todos os atos tem suas conseqüências, então se existe uma lei que o responsabiliza por seus atos, que seja responsabilizado na forma dessa lei,  mas é preciso entender que tanto, o tráfico, quanto o uso de drogas são um sintoma individual, e ao mesmo tempo um sintoma social, que cada sujeito poderá vivê-lo ou não, de forma singular, de acordo com a sua história de vida.
Também não pode-se perder de vista, que os sujeitos envolvidos neste cenário, ocupando o papel tanto de usuário como o de  traficante, só de estarem ocupando um desses papéis, já estão sendo penalizados,  e possivelmente poderão ser penalizados de uma forma mais contundente no decorrer de sua existência, como está sendo mostrado todos os dias  nos telejornais.

Autor: José Divino

Núcleo da Criança e do Adolescente (NAEPP – Núcleo de Atendimento Estudo e Pesquisa em Psicanálise); Membros: José Divino, Lívia e Fátima.