Charcot estava procurando uma correlato orgânico nas manifestações histéricas. Ele muda esse ponto de vista e declara que a histeria escapa mesmo às mais profundas investigações anatômicas. Mas consegue ver nessa patologia uma sintomatologia definida e classifica a histeria no campo das perturbações fisiológicas do sistema nervoso e é a partir daí que ele começa a utilizar a hipnose como forma de intervenção clínica.
A histeria já chamava a atenção de Freud e em 1885 ele vai a Paris assistir ao curso que Charcot ministrava na Sapêtriére, “e adere entusiasticamente ao modelo fisiológico oferecido por ele para a histeria”.
Dois aspectos importantes dessa neurose já estavam claros para Freud e para Charcot: o fato de que a histeria não era uma simulação, que ela era uma doença funcional com um conjunto de sintomas bem definidos sendo tanto uma doença feminina como masculina, desfazendo a necessária relação que existia entre histeria e o sexo feminino.
Um grande problema ainda continuava, era preciso estabelecer um quadro de sintomatologia regular para a histeria. “Caso isso fosse obtido, a histeria seria incluída no campo das doenças neurológicas; caso a tentativa não fosse coroada de êxito, o histérico seria identificado ao louco” (Roza, 2005, p.33)
Charcot passa então, a produzir um quadro sintomático regular para o histérico, através do uso de drogas e da hipnose, isso traria a histeria para o campo da neurologia, retirando-a da psiquiatria. Mas os pacientes passaram a oferecer muito mais do que lhes era solicitado. A sugestão hipnótica permite um controle da situação, “mas isso evidencia ao mesmo tempo que a histeria nada tinha a ver com o corpo neurológico, mas com o desejo do médico”.
Charcot tenta explicar esse impasse através da teoria do trauma, que há uma predisposição do paciente à sugestão no transe hipnótico, que é proporcionada em decorrência de um trauma psíquico. E esse trauma deve ser localizado na história de vida do paciente, feito através do relato que o histérico faz de sua vida. Anna Oliveira
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