segunda-feira, 19 de março de 2012

EMMY a polêmica......!

MOSER, Fanny (Emmy von N...) (1848-1925)

Os trabalhos de O. Andersson e de H. Ellen­berger nos apresentaram a verdadeira Em­my von N..., "livoniana", a paciente na qual Freud disse ter utilizado pela primeira vez o método "catártico".
"Emmy", cujo nome verdadeiro era Fanny von Sulzer Wart, nasceu a 29 de julho de 1848, em uma nobre e antiga família de Winterthur.
Com a idade de 23 anos, casou-se com Heinrich Moser, um riquíssimo homem de negócios, quarenta anos mais velho e já pai de dois filhos. Com a sua morte, legou à esposa toda a sua fortuna; assim, esta foi acusada de envenená-Io. A suspeita de assas­sinato pesaria tão forte sobre o seu destino, que ela nunca conseguiria realizar o seu de­sejo mais caro: ser recebida nos salões da aristocracia européia. Levou uma vida er­rante, teve amantes entre os seus médicos, e acabou apaixonando-se por um jovem que se apoderou de boa parte da sua fortuna. Fixou-­se enfim em Au, perto de Zurique, em um "castelo", onde morreu a 2 de abril de 1925.
Suas duas filhas foram marcadas, cada uma à sua maneira, pela neurose materna: a mais velha faria uma brilhante carreira de zoóloga, antes de publicar em 1935 uma obra sobre a parapsicologia, prefaciada por Jung. A mais nova, revoltada contra os valores da classe dominante, da qual ela era um puro produto, se tornaria militante comunista, fun­daria em 1928 uma creche em Ivanova (URSS) e publicaria em 1941 um livro de histórias de animais para crianças. Os ani­mais tinham desempenhado um grande papel na patologia materna. Com efeito, em 1889, Freud decidira tratar Fanny Moser, que manifestava uma grave fobia por certos ani­mais. O tratamento durou seis semanas. Freud lhe fez massagens, prescreveu-lhe ba­nhos e procurou, através do sono artificial, da hipnose e do diálogo, "libertá-Ia" das suas emoções dolorosas. Afirmou que a tinha cu­rado. A 1º de maio de 1889, em uma crise de pânico, ela lhe deu ordem de afastar-se: "Não se mexa! Não diga nada! Não me toque!"
Na história oficial das origens da psicaná­lise, atribuiu-se, pois a Emmy von N. a inven­ção da cena psicanalítica, como se atribuía a Anna 0. a invenção do tratamento psicana­lítico (por "limpeza de chaminé"). Emmy "fabricou", dizia-se, as interdições necessá­rias a uma nova técnica de tratamento, fun­dada sobre o afastamento do olhar. Depois dela, o médico iria tornar-se psicanalista e instalar-se fora da vista do doente, renuncian­do a tocá-Io e obrigando-se a escutá-lo.
Entretanto, não só Emmy von N... não inventou a famosa "cena" da psicanálise mo­derna, mesmo que a frase seja autêntica, e nunca foi curada da sua neurose, nem por Freud nem por seus outros médicos.
Trabalhos recentes tendem a questionar os diferentes diagnósticos de histeria ou de melan­colia, e até de esquizofrenia feitos por Freud e seus sucessores, e consideram que Fanny Mo­ser sofria da doença de Gilles de Ia Tourette, debate onde reencontramos a antiga querela que opôs Freud aos partidários do organicismo.
O que vocês tem a dizer???????
Anna Oliveira

quinta-feira, 8 de março de 2012

Freud e a cura pela hipnose

Freud começou na psicanálise pelo viés da medicina, o que fazia-o perceber o sujeito pela fisiologia orgânica do corpo. Com Charcot, famoso médico e cientista, Freud conheceu a hipnose, como método de se tratar a histeria, o que lhe rendeu uma forma de propor ao paciente à cura do sintoma sem esforço.
Nessa época, a hipnose era a maneira que Freud conhecia, até o momento, de se chegar ao inconsciente das histéricas.
Freud, como psicanalista, iniciou e finalizou os estudos sobre hipnose.
O importante dessa leitura é percebermos que Freud experimentou de diversos conceitos para avançar em seus estudos e conclusões. Ele começou seu caminho pelo viés do conhecido, da ciência como base estruturante, porém percebeu em cada sujeito que atendia e em sua própria vida que o desconhecido era a chave para se fazer conhecer. Logo, não se estagnou pela frustração do que não correspondia aos seus anseios; partia em frente, lapidava uma nova pedra e enveredava-se por um outro (ou novo) caminho.
Portanto, ler Freud é estar atento ao tempo e espaço, trazendo suas contribuições para o nosso tempo e espaço.
Lorena R. de Freitas Melo
 

domingo, 4 de março de 2012

Primeira aula : Leituras Freudianas

Charcot estava procurando uma correlato orgânico nas manifestações histéricas. Ele muda esse ponto de vista e declara que a histeria escapa mesmo às mais profundas investigações anatômicas. Mas consegue ver nessa patologia uma sintomatologia definida e classifica a histeria no campo das perturbações fisiológicas do sistema nervoso e é a partir daí que ele começa a utilizar a hipnose como forma de intervenção clínica.


A histeria já chamava a atenção de Freud e em 1885 ele vai a Paris assistir ao curso que Charcot ministrava na Sapêtriére, “e adere entusiasticamente ao modelo fisiológico oferecido por ele para a histeria”.

Dois aspectos importantes dessa neurose já estavam claros para Freud e para Charcot: o fato de que a histeria não era uma simulação, que ela era uma doença funcional com um conjunto de sintomas bem definidos sendo tanto uma doença feminina como masculina, desfazendo a necessária relação que existia entre histeria e o sexo feminino.

Um grande problema ainda continuava, era preciso estabelecer um quadro de sintomatologia regular para a histeria. “Caso isso fosse obtido, a histeria seria incluída no campo das doenças neurológicas; caso a tentativa não fosse coroada de êxito, o histérico seria identificado ao louco” (Roza, 2005, p.33)

Charcot passa então, a produzir um quadro sintomático regular para o histérico, através do uso de drogas e da hipnose, isso traria a histeria para o campo da neurologia, retirando-a da psiquiatria. Mas os pacientes passaram a oferecer muito mais do que lhes era solicitado. A sugestão hipnótica permite um controle da situação, “mas isso evidencia ao mesmo tempo que a histeria nada tinha a ver com o corpo neurológico, mas com o desejo do médico”.

Charcot tenta explicar esse impasse através da teoria do trauma, que há uma predisposição do paciente à sugestão no transe hipnótico, que é proporcionada em decorrência de um trauma psíquico. E esse trauma deve ser localizado na história de vida do paciente, feito através do relato que o histérico faz de sua vida. Anna Oliveira